Se lutamos, é certo que por algo lutamos.
Se corremos, atrás de algo o fazemos.
De certo é também que muitas vezes não sabemos se nossa luta é legítima, apenas lutamos pelo que acreditamos.
Mas, quem disse que aquilo que acreditamos é justo e verdadeiro?
Quem se põe como juiz entre nós e a nossa luta ilegitimamente legítima? (de fato é assim que é, e digo isto sem medo de errar)
Nossa consciência é o juiz nessa incessante batalha judicial* entre o certo e o errado, entre o belo e o feio? (Batalha essa travada em nossa mente)
Seremos réus confessos, todas as vezes que lutarmos por algo totalmente ilegítimo, mas que para nós tem total aparência de legitimidade?
Correremos, sim, de nós mesmos, todas as vezes que encararmos a realidade de quem somos?
Como loucos, buscamos respostas para perguntas que nós mesmos criamos pelo simples motivo de sermos superficialmente falhos e contraditórios em nossas escolhas e métodos de vida.
Digo superficialmente para ser mais contraditório do que normalmente sou e para fazer você pensar comigo.
Como sábios, nos calamos diante da inquietude que abala a nossa alma a ponto de estagnar nosso pensamento e atitude.
Incoerentemente encontrei o que não buscava, procurei e não estava lá, perdi e nunca me dei conta disso.
Morri estando vivo. Vivi estando morto.
Sorri chorando e chorei sorrindo.
Nesse frenesi absurdamente atraente eu caminho, sem correr.
Não paro, pois sei que não posso, não corro, pois não há forças para tal.
Apenas caminho, e é no caminho, ou melhor, em o caminho, que me encontro.
Encontro no caminho, caminho em qualquer encontro e até mesmo quando perdido, me encontro (ou sou encontrado?), descubro que sem encontro não há caminho e que sem caminho não há encontro.
Outro eu (eu mesmo), éramos muitos, hoje, apenas um, contraditório, rebelado, incoerentemente sábio e tolo.
Estou enlouquecidamente apaixonado pela vida, nesse escarpado caminho, caminho.
Clayton Neves...
* (peço desculpa aos leitores que tem problema em lidar com as palavras juiz, judicial e etc., eu as utilizo de forma convencional e você tem o direito ou não de assumir a mesma convenção que eu)