sábado, 28 de agosto de 2010

Alguns comentários sobre o livro "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche



Bom, escrevi alguns comentários sobre o pouco que lí do livro "O Anticristo" de Nietzsche. Confesso ainda estar lendo o livro, portanto, com certeza, terei comentários a acrescentar depois do término. Enquanto isso, transmito o que até agora escrevi:

Aprecio muito a obra de Nietzsche. Acredito até mesmo que o ataque que o mesmo faz ao Cristianismo e ao próprio Cristo dá-se, simplesmente pelo fato de o Cristo ser o do Cristianismo e não o do Evangelho, sendo esse (do Cristianismo) realmente limitado, cheio de conceitos sobre moral e, portanto, na ótica de Nietzsche, um idiota.

Nietzsche é, na minha opinião, um grande exemplo do que a razão sem fé nos leva a fazer e ser. Sendo assim, na minha concepção a razão sem a fé é morta. Digo que, Nietzsche pode ser considerado um Salomão sem fé (sem Deus).

O que tenho visto em "O Anticristo" é um filósofo "acuado", atacando tudo e todos. Atacando e promulgando julgamentos e pré-julgamentos sobre homens como Kant, Lutero e até mesmo aqueles que de certa forma o influenciaram e os quais ele admirava.

Parece-me que o que Nietzsche via era uma compaixão hipócrita e moralista, a mesma que vemos hoje. Uma compaixão cheia de "Novos Evangélicos", mas com poucos que colocam o "dedo na ferida" como interpretou Caio Fábio.

Conquanto eu concorde com "Ele (Cristianismo) corrompeu a própria razão das naturezas mais forte espiritualmente quando ensinou a sentir os valores supremos da espiritualidade como pecaminosos, enganadores, como tentações", não posso, contudo, concordar com a questão de Blaise Pascal ser de natureza depreciativa, causada pelo Cristianismo. Talvez o que Pascal experimentou foi um "desventurado homem que sou" injetado após por Graça, um refutar de idéias escravizadas pela visão da-na estrada. Daí eu afirmar que a razão sem fé é, no mínimo, tolice.

Nietzsche cria em um Jesus enfraquecido por causa da sua compaixão, o que demonstra mais uma vez a sua falta de fé. Devo, contudo, concordar com ele, a compaixão sem fé e amor de nada vale e se aproveita, se tornando até perigosa.

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Bom, são comentários de um ninguém sobre um livro e um filósofo, críticas serão mais do que bem vindas, de quem quer que seja. Beijos

Um comentário:

  1. Ola, caro Clayton...

    Interessante seus comentarios ao Anticristo de Nietzsche, filosofo que adimiro. O que tenho a mencionar é apenas que temos que ter o cuidado de não querer entender por meio de uma psicobiografia. Nietzsche era cheio de máscaras, não da pra colar a obra ao autor, como se ela viesse de sua loucura, sua incredulidade...disso ira sair uma leitura ruim. É interessante notar o projeto de Nietzsche de reverter o platonismo, veja como ele ataca Sócrates, como quer fazer uma genealogia dos valores e saberes e por em evidencia como Sócrates muda tudo na Grécia, duplificando a realidade, estabelecendo a moral e a metafisica como valores superiores a vida e ao mundo sensível - unico mundo real. Veja como o Cristianismo só existe e só governou porque se cruzou com o platonismo, com a moral e metafisica, veja a Patristica e Escolastica por ex. Até o Deus da Bíblia foi entendido como o Deus de Platão, veja Kant. Tudo em Nietzsche é extratégico e quer explodir as coisas. Aforismos não precisam ter tantos fundamentos, só precisam ter força. Enxergar acima de tudo o metódo genealogico, e a transvaloração que ele intenciona dos valores é fundamental. O bom de Nietzsche é que não precisamos segui-lo, podemos usar suas ideias pra o que quisermos, distorcê-lo, recria-lo... era isso que ele queria!
    Abraços

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